O amor dos animais. O encontro com a inocência no seu estado mais puro
Por Adriana Pinho
Meu amor não é "parte minha"
Não se parece comigo
Não tem meu DNA
Não me tornará "imortal"
Não cumprirá a "missão de tornar realizados sonhos meus"
Não terá a sina de repor o trabalho dado com realizações compensatórias
Não me causará decepções
Não correrá o risco de se tornar um zumbi onde deposito minhas projeções
Meu cachorro não é meu filho
É apenas amor
A minha dedicação a ele é de puro desprendimento e exige a consciência de que tenho nas mãos um ser vivo inteiramente vulnerável pela sua simples e própria condição de animal irracional.
Ele é amor por definição, uma vez que a sua pureza e forma de interagir despertam em mim, inexoravelmente, amorosidade e doçura.
E para que isso aconteça eu preciso apenas olhar para ele e poderia ficar assim por tempo infinito, vendo ele brincar, dormir, correr, latir bravo "me dando ordens", fazer bagunça, comer, tomar água, fazer charminho, virar a barriguinha pra cima pedindo carinho ...
OBS: A inspiração desse texto veio por cansar de ouvir pessoas falarem que cachorro é como filho. Quem quer ter filhos tem filhos, não os substituem por cachorros.
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