quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A FUNÇÃO DA BELEZA
Por Adriana Pinho GomesDuas situações me fizeram pensar esta semana, uma foi hoje quando eu fui em uma loja e a moça me disse que só tinha número grande, acima de 44 e a loja não era para “gordinhas”, mas a vendedora disse que tá todo mundo ficando muito grande, alto e ai eles só compram peças maiores.
Primeiro me senti uma anã (tenho 1.60m), depois eu me senti uma espécie em extinção e por último, aproveitando a palavra “sociológica” do momento, uma “excluída”.
A outra situação foi a de que comentando com um conhecido que eu tinha pouco busto (peito) e aí ele disse: “áh mas hoje só tem pouco busto quem não tem dinheiro”, sugerindo uma plástica. Eu não estava reclamando de ter pouco peito, apenas estava descrevendo uma característica.
Mas parece que  todas as mulheres para serem consideradas bonitas têm que ser: altas, ter muito peito,  loiras, ter cabelo liso,  olhos claros, nariz pequeno, barriga sarada,  segundo um padrão de beleza inatingível, uma vez que apenas menos de 1% da população mundial possui esse biótipo e um corpo desenhado com simetria. E o pior e mais complicado é que a mulheres (principalmente jovens) ambicionam ficar parecida como a modelo da revista ou da TV. “E viva a anorexia!!!”.
As clínicas de cirurgia plásticas devem estar milionárias (segundo pesquisas recentes o Brasil é o segundo país onde mais se realizam cirurgias plásticas – o primeiro é o EUA). As pessoas estão ficando obcecadas pela perfeição da aparência física. E o pior disso tudo é que estamos entrando em uma massificação avassaladora de padrões estéticos. A diversidade não é mais reconhecida. Todo mundo tem que ser igual para ser reconhecido. !
Reconhecer nossa própria e única beleza é tarefa árdua no contexto cultural atual. A beleza vista na televisão, nas revistas e imposta pela cultura corrente (diga-se pela mídia - principalmente a televisiva) não tem qualquer semelhança com a maioria das mulheres comuns. Então somos inevitavelmente induzidas a nos acharmos “feinhas”.
Beleza física hoje é o nosso maior valor. - **0utro valor criado e cultuado pela sociedade brasileira atual é “se dar bem” (mesmo que seja roubando e/ou trapaceando ou, ainda, virando “celebridade” porque pousou nua na revista e/ou participou de um reality show **).
O fato é que, ser belo virou um valor. Nada contra a beleza.
Mas quando se trata do ser humano penso que o que deve prevalecer é a velha e conhecida "boa aparência". Essa sim é primordial, mas a boa aparência advinda se uma alimentação equilibrada, a boa aparência proporcionada pela saúde física e mental, a boa aparência como resultante de um estado interno de equilíbrio.
Essa sim deve ser buscada. Aliás, eu acho que a boa aparência surge como conseqüência natural de uma vida saudável e de um cuidado consigo mesmo. E sempre somos belos quando estamos bem. Mas sem obsessão pela perfeição.

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